quarta-feira, 4 de março de 2009

Um Del Rey, uma Kombi e a carruagem de fogo de Elias

Tava aqui pensando como as pessoas se permitem escravizar por meio de uma ideologia religiosa que as obriga a através de um jogo psicológico bem tramado, seguir cegamente dourinas dogmáticas a qualquer custo ou preço.
Fiquei pensando nisso depois de ler hoje na grande rede que a Igreja Universal foi condenada a reembolsar em valores corrigidos de hoje, dois mil reais a um motorista da cidade de General Salgado-SP. Em 1999 o motorista, ao visitar a igreja, foi convencido a se desfazer de todos os seus bens materiais e doa-los ao Senhor, sob a garantia de um pastor da Igreja de que com essa ação, sua vida melhoraria tanto no campo profissional, quanto no sentimental. Prontamente o motorista vendeu seu único bem: um veículo Del Rey, por dois mil e seiscentos reais e deu tudo para a Igreja em dois cheques. Arrependido, ele conseguiu sustar um dos cheques, com o valor de seiscentos reais, mas o outro, o de dois mil reais a Igreja conseguiu resgatar. Passado algum tempo a profecia “garantida” do pastor não se cumpriu e o motorista, influenciado pelos pais, resolveu entrar na justiça para reaver seu dinheiro. E em última instância, depois de vários anos, conseguiu. Se a moda pegar...
Bom o que me faz ficar pensando aqui é no porque das pessoas se permitirem ser enganadas desse jeito. Será que o cérebro não funciona? Quando penso nessas questões sócio-religiosas, é inevitável lembrar de meu amigo Dinaldo Masouz (guitarrista da minha banda), que vive vociferando por aí teorias e mal-criações acerca das coisas de Deus. Um dos seus grandes descontentamentos, é a ideia embutida, nas ideologias neo-petencostais de que para seguir a Jesus é preciso praticamente parar de pensar. Aí ele fala: “Velho se não era para usar, pra que Ele me deu essa porra de cérebro? Me deu porque quis, agora vou usar mesmo. Vou perguntar e questionar o que eu quiser. Ele vai ter que me aturar!”. Esse dias depois de termos passado o dia inteiro atrás de uma van para nos transportar para fazer um show (era segunda de carnaval e parecia que todas estavam fretadas), um grupo de senhoras evangélicas nos abordou para nos entregar seus habituais folhetos evangelizadores, nesse momento Dinaldo bradou: “Não quero panfleto nenhum não! Pra Elias Deus mandou uma carruagem de ouro e prata, pegando fogo cheio de anjinhos e querubins tocando harpas e cornetas para arrebata-lo. Eu tô aqui o dia inteiro atrás de uma kombi para me levar para tocar e não acho!”. As senhoras ficaram escandalizadas diante de tal situação e apenas uma consegui falar a seguinte frase: “Você vai pagar o preço por isso, meu filho!" e Dinaldo retrucou: eu não vou pagar nada, e não me bote no SPC não!”
Quase todo mundo acha que dinaldo é ateu, mas ele mesmo diz que não é. Segundo ele Deus tem até uma moralzinha com ele, mas ele não tem saco é para essas baboseiras religiosas.
Também não acho que Dinaldo seja ateu. Ele apenas se permite pensar e questionar. Ele tenta fazer um bom uso do maravilhoso presente que Deus lhe deu: o cérebro.