segunda-feira, 30 de março de 2009

Só sei viver se for pelo outro

Definitivamente (que palavrão pretensioso), só sei viver se for em função dos outros. Não consigo conceber uma imagem minha fazendo ou realizando coisas que só me beneficiem. Não consigo ser egoísta (não conscientemente). Não quero bancar o Jesus Cristo, até porque, como diria Raul, “eu não sou besta pra tirar onda de herói”, mas, não me sinto feliz, nem completo (se é que isso é possível), em trabalhar, estudar amar, ou seja lá o que for, me colocando em primeiro plano. Isso é estranho, eu sei. Vivemos numa sociedade que a todo instante nos força a acreditar que cada um de nós deve ser o melhor, o primeiro, o mais bonito, o mais inteligente, o mais, o mais...

Fico me perguntando quem foi que usou primeiro essa hierarquização das coisas que tratam do ser humano. As teorias acerca da seleção natural de Darwin e o Capitalismo são para mim os responsáveis por este senso de disputa tal como conhecemos e vivenciamos nos últimos séculos. Mas, gostaria mesmo de saber quem foi o filho da puta que nos fez competir irracionalmente pela primeira vez na História. Se descobrisse esse desgraçado, e, se houvesse um meio de voltar no tempo e impedi-lo de criar toda essa zorra, estaria disposto a fazê-lo.
Isso aqui não é um manifesto comunista, mas sim, um desabafo de quem convive diariamente com pessoas de todos os tipos e extratos sociais e em todos estes meios há disputas quase impensadas. Pessoas que vivem para “ganhar”, mas que nunca fizeram uma reflexão sobre o porque de estarem competindo. Nestas pessoas não consigo enxergar nenhum traço de satisfação. Vejo às vezes uma alegria vazia, pela conquista momentânea, porém, nunca estão satisfeitas. Sempre querem mais, e mais e mais.

Não estou aqui para julgar ninguém. Este seria um trabalho que não aceitaria. Além do mais, cada um é senhor de si mesmo e leva sua vida como quer. O que sei é que todas as vezes que tento olhar para mim primeiro, enxergo o outro. Fico sempre buscando uma possibilidade de beneficiar alguém com o que aprendo, descubro, ou conquisto. Sinto-me muito bem assim. Acho que esse é o clímax do meu egoísmo.