sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O dia que a Terra parou ou a chegada do índio espacial

Jacob:
-Pode revivê-lo, como fez com o policial.
Klaatu:
-Há coisas que não posso fazer.
Jacob:
-Mas você tem poderes.
Klaatu:
-Sinto muito.
Jacob:
-Por favor. Por favor...
Klaatu:
-Jacob, nada realmente morre. O Universo não desperdiça nada. Tudo é simplesmente transformado.
Jacob:
-Quero ficar sozinho.

Quando assisti o remake de “O dia que a Terra parou”, fiz uma conexão inevitável com a canção “Um índio”, de Caetano Veloso. E por conta dessa lembrança, me veio uma outra. Lembrei de uma aula de antropologia na faculdade, ainda no primeiro semestre. A disciplina era ministrada pela professora Urpi Montoya.
Nessa aula, Urpi, não lembro o porquê, disse que não compreendia a letra dessa canção, e nos fez uma provocação. Ela ofereceu um ponto extra na atividade que estávamos fazendo, para quem conseguisse interpreta-la de maneira coerente. Todos ficaram calados na sala. E eu, por já conhecer e gostar muito dessa música (e por ter sido, de alguma forma, fisgado pelo desafio), tentei explicar o que eu sentia sobre os versos do poeta. Falei que esse índio que Caetano descreve, é uma espécie de Messias high tech (vem de espaçonave). Alguém que já teve ligação com a Terra, que a conhece, mas que por já ter cumprido os seus ciclos evolutivos neste planeta, não precisa mais viver aqui. É alguém que está em outro estágio de evolução, em outro lugar e que retorna para trazer algum tipo de revelação ou trazer uma nova pespectiva. Na ocasião, a professora considerou mais a minha tentativa do que a explicação em si (ela me deu meio ponto, se não me engano). Mas se a pergunta me fosse feita hoje, teria algo concreto para ilustrar o que eu sentia em relação a música. Se fosse hoje, mostraria Klaatu para ela. Não sei por que, não consigo vê-lo simplesmente como um alienígena, aliás há controvérsias sobre a origem dele no filme. Acho que ele transmite mais um ar de espiritualidade evoluída, do que de uma representação clássica de um extra-terrestre. Ele emana a mesma essência do índio de Caetano.
O índio da "estrela colorida e brilhante" é Klaatu que veio dizer o que já é obvio: a situação do planeta está se tornando (muito rapidamente) insustentável. E estamos fingindo que não vemos. Acho que Klaatu, o índio espacial que vestiu terno, não virá. Mas a mensagem que ele traria se viesse, já chegou faz tempo e está explicita, estampada em toda parte. Todos tem sua parcela de responsabilidade com o planeta. a mudança tem que surgir do micro para o macro, de nós para os outros, de dentro para fora e todos precisam obter essa consciência. Ou então é sentar e esperar o Universo fazer a sua reciclagem. E pelo andar da carruagem, com certeza, desse processo seletivo não passaremos.

P.S.: Esse vídeo da música foi um veradeiro achado. estava procurando no youtube, um vídeo da música apenas e encontrei esse com o depoimento.